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Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive Ricardo Reis
Aeroporto de Hong Kong, 28 de Setembro às 20:05 (ida para Banguecoque).
Faz hoje 5 meses que abracei este desafio: novo projecto de vida. Comecei tudo de novo.
Faz hoje 5 meses que vi os olhos tristes dos meus pais por me verem partir. Grandes senhores que são, levaram-me à fronteira da mudança após uma cirurgia major, "aleijada" nas minhas crenças e esperanças.
Apostei alto! Deixei tudo para trás. Um TUDO que se calhar era um NADA, mas nos moldes da sociedade vigente era o adequado e era pelo menos o BASTANTE.
Mas eu precisei de "mandar tudo ao ar"!
Faz hoje 5 meses que me sentei no lugar errado do avião, de cara chorosa, onde dormia e aliviava a dor de partir com algumas lágrimas que se deixavam vencer. Aí, conheci, tive o prazer de conhecer, uma pessoa que assume um lugar de destaque na minha realidade. Sinto-me abençoada por isso. Hoje, esse alguém, podia dar-me aquele abraço, com aquele aconchego, que me saberia a conforto.
Eu adoro abraços. Um abraço é abrir o peito, é sentir sem medo e é dar boa energia forrada de carinho.
De todas as possibilidades de contacto físico, linguagem gestual dos nossos afectos não há nenhuma mais completa do que um abraço sentido.
Faz hoje 5 meses que depositei todas as energias numa estratégia delineada para uma nova vida, diferente de tudo o que ja tinha vivido.
Na altura pareceu-me uma escadaria enorme, infinita que se perdia bem lá no fundo. Numa nuvem pouco definida. Suscitava uma sensação de mistério e incerteza em relação ao depois.
Hoje, 5 meses depois, entrei nessa nuvem, e é difícil perceber o caminho. Se é direito, inclinado, tortuoso... e porque não posso apenas "deixar ir" ao invés de o perceber à priori? Que mania que nós temos de querer controlar o futuro com o presente mesmo ali à mão!
Isto requer trabalho! Nunca é confortável não saber. Talvez o futuro não vá ser como eu achei que queria... Mas... que bom!!! de repente há hipótese de ser surpreendida. Se não for melhor também não terá que ser "mau", pode ser só e apenas diferente.
Escolher as minhas guerras e o que me atormenta é uma arte. Não se perde a esperança. Pelo contrario aumenta-se.
O prazer do dia-a-dia não está no que temos mas na forma como o vivemos. E só uma questão de atitude.
Não é fácil nem simples, mas é assim.
Se voltava atrás...? Certamente que não!